segunda-feira, 17 de março de 2014

A minha primeira meia-maratona

86 dias, 41 treinos, 235,4 kms, 21 horas a correr a um ritmo médio de 5:19 minutos por km. Treinei com dedicação e empenho para conseguir fazer 21 kms abaixo de 01h50m. Depois de quase 3 meses, não posso ficar senão desiludido.

As últimas 3 semanas de treino já antecipavam o que me esperava no dia 16. Os treinos mais longos estavam a ser um verdadeiro suplício. As dores musculares, nas pernas, tomavam conta de mim. O último treino longo, 10 dias antes da prova, não o consegui terminar, sequer.

Ontem acordei bem disposto. Fui confiante para a prova. Concentrado. Sabia perfeitamente o que tinha a fazer, etapa a etapa. Mesmo sabendo que 2 dias antes, tinha tido dores. Primeiro, os 8 kms até aos 42 minutos; passar os 12 kms pouco acima da hora; depois dos 16 kms, obrigatoriamente antes de 01h25m, seria uma questão de manter o ritmo para chegar ao objectivo final.

A corrida começou muito bem. Mantive o ritmo que queria, calmo, a rondar os 11 kms/h. A descida para Alcântara melhorou o tempo médio, chegando aos 5 kms a uma velocidade média de 12,5 kms/h, bem disposto, respiração controladíssima e bem hidratado.

A chegada ao Cais do Sodré, pelos 7,5 kms, dava-me confiança. Batia os 8 kms abaixo dos 40 mns, sabia que tinha margem de tempo para abrandar um pouco o ritmo se fosse necessário. Foi o que fiz, procurando poupar-me um pouco até aos 12-13 Kms. Voltando a passar Alcântara, aí pelos 9 kms, comecei a sentir dores...

O problema das dores musculares, para além naturalmente da própria dor, é aquilo que nos provoca na cabeça. Deixamos a dor controlar os nossos pensamentos e é o fim! Pelos 11 kms tive de parar e começar a andar tais eram as dores que sentia. Pouco depois, retomei a corrida, a um ritmo bastante mais lento. Pelos 13 kms, ao passar Belém e a meta da mini-maratona, pensei seriamente em desistir. Parei a 2ª vez. Mas continuei. Achei que quanto mais me afastasse daquela zona, menor seria a tentação em desistir. Teria sempre de voltar para trás!

Voltei de novo a correr. Entre o km 11 e o km 15, a fase mais difícil da corrida, mantive uma velocidade média quase sempre abaixo dos 10 kms/h por causa das paragens. Nem nos treinos conseguia correr tão devagar! Senti-me triste, tristíssimo, desiludido, só tinha vontade de chorar. Tanto treino para agora o corpo me falhar desta forma. Mas não desisti. Parei algumas vezes, deixei a dor passar, e procurei sempre retomar a corrida, mesmo que a um ritmo mais lento. Não seria possível dizer aos meus filhos que tinha desistido. Não é isso o que lhes ensino. Na vida, nunca desistimos de nada, muito menos daquilo que queremos e daquilo para que trabalhamos.

A certa altura, bebi uma garrafa inteira de powerade. Acho que ajudou bastante. A partir dos 16 kms, não parei mais. Corri mecanicamente, uma perna atrás da outra, cheio de dores mas não parei. Consegui chegar ao fim, com muito custo, muito sofrimento, mas terminei.


Ao fim de 1 hora, 57 minutos e 20 segundos, a um ritmo médio de 05:32 por km (marcado no meu GPS), cheguei ao fim! Um doloroso mas, no final saboroso, fim. Não tenho qualquer desejo de voltar a repetir uma corrida destas. Não gostei muito do meu plano de treinos, com corridas longas a demorar muito tempo. Prefiro percursos mais curtos.

Agora é recuperar porque daqui a 2 semanas volto à competição para o BES Run Challenge: 4 corridas, 1 maratona, em 3 meses. Percursos de 10 kms cada (com excepção do 1º que será de 12 kms), mais à minha medida e ao meu gosto.

6 comentários:

  1. Gonçalo,
    A sua descrição cabe - quase à letra - na minha experiência da prova de ontem. Só não me foi possível retomar a corrida a partir do último quilómetro, pelo que passei a meta a andar. Em passada larga, mas a andar. Ainda assim, foi com alegria - e aqui gostava de o contagiar -, risos e as lágrimas a marejar a vista que conclui um desafio tremendo. Não desistimos. Apesar do balanço que façamos agora a frio. Por mim, relativizo os juízos que, em grupo ou a sós, fazemos quando estamos a iniciar (optimistas) ou a finalizar (mais pessimistas).
    E assim olho com mais paixão para o próximo desafio.
    Votos que as pernas não lhe doam como as minhas!
    Saudações,
    LV

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  2. Hoje doem muito menos. Acredito que para final da semana, já esteja pronto para um treino leve de 5 kms. Boa sorte e menos dores!

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  3. Parabens pela atitude,pela preserveranca, ontem também fiz a minha primeira meia,apesar de nunca ter parado deparei me tambem com cãibras intensas nos ultimos 2 klms. Mas terminei com mais 10 minutos.

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  4. Bom dia o corpo está a pedir alguns dias de descanso. Em relação aos seus treinos, estará a fazer um aquecimento conveniente? no minimo 15 minutos, é o tempo necessário para aquecer (ritmo 7 min/Km),
    só depois é que é conveniente acelerar o ritmo e fazer o dito treino programado.

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  5. Tenho essa noção. Acho que aumentei a carga rapidamente demais no meu plano de treinos. Os treinos longos aumentaram em cerca de 60% a distância percorrida numa semana e as pernas deram de si. Obrigado pela dica do aquecimento. Abraço.

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  6. Parabéns por ter terminado apesar das dores. Acho que deve dar nova oportunidade à Meia Maratona e ir sem o stresse de tempos. Cumpriu o objectivo principal numa prova de corrida, chegar ao fim, deu o seu melhor portanto só tem é que ficar feliz! Bons treinos e força para uma nova Meia Maratona.

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