terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

As 4ª feiras dos outros: Longe mas Perto

Passou um ano. Um ano desde que lhes disse até já enquanto o meu carro se ia afastando da janela da casa onde eles moram agora com a Mãe.

Sou Pai separado mas sempre fui um Pai presente. Foi uma promessa que eu fiz à minha Mãe quando era novo (não importa porquê): prometo que quando for Pai, vou estar sempre presente e vou fazer tudo para que tenha a melhor relação possível com eles. Lembro-me de ter dito isto à minha Mãe (talvez não nestas palavras) como se fosse hoje.

Tenho cumprido? Sinceramente, sim! Tenho cumprido. Não porque fiz a promessa, apenas porque quero e porque não conseguiria fazer de outra forma.

Estar longe deles é duro. Nada, nenhuma palavra nem nenhuma opinião de quem já tenha tido esta experiência nos prepara para esta vivência.

Acordar de manhã num Sábado ou num Domingo em baixo. Ir a uma esplanada e ver famílias à conversa com os seus filhos ou até ralhando com eles. Ir dormir e não ter o prazer de ouvir uns passinhos de noite a caminhar na nossa direção e a perguntar: pai, posso-me deitar contigo?

Nada disso. Aqui durmo de uma vez só. Acordo sozinho. Bebo o meu café descansado. Estou até atualizado com os filmes mais recentes.!

Descobri agora que nem sentia saudades disso.

A minha vida aqui em S. Paulo é boa. A cidade é brutal. O movimento tem a ver comigo. A vida não para. Tenho amigos. Fiz alguns amigos aqui que vivem, como eu, longe de quem gostam e amam. Acabamos todos por nos ajudar.

Fazem-me falta aqueles dois piolhos. Escrevo-lhes com frequência. Para que as minhas palavras fiquem registadas mas, acima de tudo, para que eles nunca se esqueçam do que sinto por eles. Eles prometem responder-me sempre. Mas, caraças, são miúdos! Querem lá eles saber. Para eles, falarem comigo por telefone ou por Skype já é bom. Ou melhor, é o possível.

Regularmente fazem a pergunta: quando voltas? Porque não ficas? Ele, mais novo, entende menos. Ela, no alto dos seus 10 anos, finge-se de dura mas de dura nada tem. Mas é a forma de se defender.

Quando volto? Não sei. Quando gostaria de volta? Hoje! Adoro o que faço. Adoro as pessoas com quem trabalho. Adoro estar aqui. Mas adoro mais a Mariana e o Kiko. Eles nem precisam de respirar para eu entender o que precisam. Eles nem precisam de chorar para sentir que têm saudades.

Gosto de escrever porque me faz sentir bem. Não sou muito de falar sobre sentimentos. Mas quando me colocam a escrever.... bora lá!

André Robles, Pai de 2, São Paulo

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