domingo, 24 de novembro de 2013

24.11

Há 7 anos, lá nos pusemos a caminho, mais uma vez, da CUF Descobertas. Já conhecíamos o Hospital, gostamos da experiência, e lá fomos. Nesse ano, lembro-me bem, o Inverno tardou a chegar mas nesse dia, chegou em força! Inundações por todo o lado, até a minha querida "terra", a Lourinhã, (entre aspas por que Lisboa é que é mesmo a minha terra!) ficou totalmente inundada com tanto que choveu. Os meus Pais estavam na América do Sul. E o nascia o Zico!

Julgo que eram umas 16h20m, mais coisa menos coisa, quando o Zico nasceu. Da mesma forma que recebi a Rita, também quis receber o Zico: no colo! O primeiro colo do bebé é meu, a primeira conversa é comigo, o primeiro calor é o do Pai. Depois de 9 meses só com a Mãe, acho que é o mínimo! lol

O Zico ficou na incubadora e não me deixavam pegar nele. Fiz tanta pressão, tanta questão, que lá me deixaram pegar-lhe por uns segundos. Agora, olhando para trás, na inocência, nervosismo e ainda alguma inexperiência enquanto Pai, fiquei preocupado com o estado do Zico (que nem era nada de especial, diga-se) e sem a minha Mãe por cá (ela é Pediatra), ainda mais inquieto fiquei. Mas rapidamente o Zico saiu da incubadora e veio para o nosso colo!

Tudo voltou a ser igual como tinha sido com a Rita: a primeira fralda, o primeiro banho foram comigo. De noite, sempre pronto para o acordar, mudar-lhe a fralda, e passá-lo à Marta para comer. Sim, sempre fui um verdadeiro tirano com os horários de comer, é de 3 em 3 horas nos primeiros dias. Acordo eu, preparo o bebé e dou-o para a Marta fazer o resto. A verdade é que ela sempre se passou com esta minha tirania!

Com o Zico, a volta para casa foi maravilhosa! A Rita estava já com 2 anos, era uma criança linda, era Natal. Lembro-me de estarmos todos em casa a fazer a Árvore, a Rita a ajudar, o Zico connosco. Sempre foi um bebé calmo, podíamos levá-lo connosco para todo o lado que ele só dormia.

Foi a Rita que lhe pôs o nome. Não conseguia dizer Francisco, dizia Zico. E Zico ficou!

O Zico é o meu GRANDE AMIGO. Sempre foi. É um companheiro, podemos estar juntos horas e horas. Acompanha-me ao futebol, eu acompanho-o nos treinos. Falamos muito. Ele, então, fala pelos cotovelos! Acho que nos temos acompanhado um ao outro, pela vida. Zangamo-nos muito. Eu zango-me muito com ele! Exijo demasiado dele! Exijo responsabilidade, respeito, atenção aos outros, altruísmo. Com isto, acho que lhe roubo um pouco da criatividade que ele tem, da inconsciência, da asneirada constante. E, provavelmente, faço mal. Mas a minha ânsia dele ser independente, responsável, respeitoso e respeitável é tão grande, que esqueço que só faz 7 anos.

O Zico transporta sempre com ele uma áurea de positividade, de alegria que instintivamente atrai os outros. O Zico quando chega nalgum sítio, atrai a atenção. Não sei explicar porquê, é dele.

Aí pelos 3 anos, o Zico vacilou. Queria ser do Benfica. Via o Benfica ganhar, os amigos eram (e são) do Benfica, e o Sporting só perdia. Tornava-se extraordinariamente difícil convencê-lo a ser do Sporting. Sempre reagi mal, muito mal mesmo, a esta sua vontade. Nunca vacilei. Zanguei-me com ele. Lembro-me que estive uns 2/3 dias sem lhe falar, nem olhava para ele. Foram alguns meses de vacilo mas passou-lhe!

Um dia, esse clubezeco de Carnide jogava em Manchester. Logo no início, o Gaitan marca um golo. O Zico vira-se para mim, e diz: «Pai, acho que vamos perder o jogo». E foi aí que tive a certeza que o Zico não escapava mais. Quando o Benfica joga, nós estamos sempre pela equipa contrária! E este sentimento de conjunto, que é nosso, mesmo por uma equipa que não conhecemos, só por jogar contra o Benfica, é delicioso!!!

Ah, ganda Zico! Ainda bem que nasceste e que és como és! Obrigado pela companhia e pela amizade! Parabéns!

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